top of page
introdução
malabares
sarau
grafite

Introdução

        Do jogral na era medieval aos grafiteiros e malabaristas da contemporaneidade. A arte urbana caminha na contramão da arte tradicional, vendida em museus e galerias. Os palcos são outros: as ruas. Os objetivos são outros: a arte pela arte, a arte pelas pessoas. A ocupação artística do espaço público transcende os limites impostos nas paredes da instituições e empresas, e encontra nos muros, nas ruas, nas esquinas, nas praças e em todos os cantos imagináveis das cidades, o cenário perfeito para atrair os olhares do público.

        A origem da arte urbana não designa uma data concreta. Parte dos estudiosos indica o surgimento na década de 1970, nos Estados Unidos. No entanto, outros defendem que desde a Grécia Antiga isso já era visto, com diversos artistas espalhados pelas cidades, ou Poleis, recitando poemas, cantando ou até mesmo encenando peças teatrais.

        A utilização do termo pólis, que possui uma forte relação com temas políticos, tem um peso diferenciado quando se trata da arte de rua, que também está, na maioria das vezes, vinculada a questões políticas e sociais. O doutor em Artes Visuais, Tarcisio Torres, explica que a arte executada na rua “é engajada, é política. Ela traz algo para ser pensado sobre aquele espaço que está sendo ocupado”.

        Esse engajamento está ligado ao espaço em que essa arte se manifesta inicialmente. Os centros e as periferias são os maiores responsáveis pela eclosão deste tipo de cultura, que configura um caráter popular, se distanciando das manifestações artísticas mais elitizadas da sociedade. “O centro da cidade traz pessoas que querem ver essa arte e não ficam no circuito mais elitizado da cidade. É muito comum que as ocupações aconteçam no centro da cidade ou em periferias que mostram esse sentido, do movimento urbanístico”, ilustra Tarcisio.

"Ela é engajada, ela é política, ela traz algo para ser pensado sobre aquele espaço que está sendo ocupado"
- Tarcisio Torres

        As características desse tipo de arte são marcantes e pontuais, apesar da abrangência contida nelas – abrangência em todos os sentidos, desde a variedade de manifestações artísticas até o ilimitado público atingido. Entre essas particularidades está a liberdade, unânime na fala de todos os artistas entrevistados. A falta de barreiras para a imaginação faz do espaço público o melhor palco para esses artistas.

        “É uma questão de liberdade. No momento em que a gente tem um espaço institucional ele é submetido a alguns protocolos, ou seja, esses projetos passam por um crivo de quem vai avaliar. Então, nesse sentido, a rua é o melhor lugar, porque ela está livre, acontece. Até porque na rua não se faz algo pensando em um edital que passa pelos mesmo vícios, por isso ela é mais autêntica, não que as outras não sejam, mas o espaço público “rua” tem essa coisa caótica da liberdade, e quando se coloca entre paredes você não tem tanto”, esclarece o Torres.

        A liberdade garantida pelos espaços públicos é a principal responsável pela diversidade do público alcançado por essa arte. A questão deste espaço, da rua, faz com que a pessoa, o público, não precise necessariamente se deslocar até o local em que o evento está acontecendo, porque ela permite que a arte vá até o local em que as pessoas estão passando, até o cotidiano desse público, e isso faz com que elas notem aquele acontecimento que está lá para todos verem. Isso gera questionamentos, interesse.

        A observação em comum entre todos os artistas entrevistados é exatamente essa. Levar a arte para o público. Esta arte na maioria das vezes é carregada de sentimentos. Sentimentos de todos os tipos: alegria, curiosidade, nojo, felicidade, preconceito, estranheza e surpresa. Nisso está o real interesse da arte executada em espaços urbanos: ninguém sabe a reação do público.

Vídeo: Pedro Massari, Giovanna Rossini e Ana Laura No | Edição: Pedro Massari 

Vídeo: Pedro Massari e Giovanna Rossini | Edição: Pedro Massari 

Sarau

            Quem acaba de sair do terminal de Barão Geraldo, em Campinas (SP), estranha a cena que vê adiante. Em frente à frutaria, diversas cangas estão dispostas num varal improvisado nos postes do outro lado da rua, e o palquinho de madeira do café serve de assento para algumas pessoas se acomodarem. Eles ficam de frente para uma caixa de madeira com os dizeres “faça alguma coisa”, envolta de velas, um violão e uma bicicleta. Esse é o cenário que o “Sarau do Meio-Fio” se propôs a dispor às quartas-feiras à noite no bairro campineiro conhecido por concentrar universitários da Unicamp e da PUC-Campinas.

            Organizado por um grupo de estudantes e recém-formados, principalmente das duas universidades, eles convidam todos que passam por lá a darem uma parada, apreciarem alguma apresentação e até mesmo se apresentarem. O que apresentar? Pode ser uma música, pode ser um poema, pode ser uma performance, o que você quiser, desde que traga arte. A proposta é justamente o imprevisível, como explica um dos organizadores do Sarau Meio-Fio, Arthur Pacheco (25): “no espaço público, você não tem controle de quem está aqui. Você acaba tendo oportunidade de encontrar gente que você nunca conheceria, de encarar seus preconceitos de frente e de conseguir sentir empatia por gente que é diferente de você”.


         

"Você acaba tendo oportunidade de encontrar gente que você nunca conheceria, de encarar seus preconceitos de frente e de conseguir sentir empatia por gente que é diferente de você"
- Arhur Pacheco

              Diversas pessoas passam pelo sarau. Algumas continuam em seus caminhos, mas deixam escapar alguns olhares curiosos; outros param e perguntam o que está acontecendo, e algumas pessoas, como Dona Maria, até questionam se teria mais edições, pois queria voltar para cantar também. Essa é uma das características mais marcantes que a arte disposta em locais públicos possibilita, em que toda apresentação acaba sendo única. Segundo o cientista político Tarcísio Silva, doutor em Artes Visuais, a arte no espaço público é “incontrolável”, pois nunca se sabe como o público vai lidar com aquela intervenção artística e, portanto, qual será o resultado – o que casa exatamente com a proposta do sarau contemporâneo.


         

Foto: Ana Carolina Haddad

Foto: Ana Carolina Haddad

SARAU, UMA ARTE VIVA NA HISTÓRIA

             
Mas nem sempre os saraus foram tão acessíveis quanto hoje. De volta ao século 19 no Brasil, eles eram compostos de elementos elitizados na época, como literatura, música, champanhe e vinhos. Afinal de contas, não é todo dia que vemos um piano de cauda por aí com grandes artistas em meio às ruas. Os eventos eram reservados a salões de alta classe, frequentados apenas por pessoas “iluminadas” cultural e financeiramente. Todos esses eram privilégios de um público seleto, vindo ao nosso país em 1808, com D. João, especificamente no Rio de Janeiro, seguindo os moldes franceses. Já na metade do século, os grandes fazendeiros de São Paulo aderiram à moda, e logo era possível encontrar saraus em todas as capitais brasileiras.


Quem trouxe o sarau para a rua foram justamente os intelectuais universitários, com o intuito de acessibilizar a cultura e a arte a quem não era da elite. Isso acontece em meados do século 20 aos dias de hoje. São artistas, jornalistas, professores, estudantes e curiosos que fazem do sarau um evento cultural contemporâneo. Esses encontros são caracterizados por pequenos grupos de pessoas, e as reuniões logo passam a ser periódicas, como é o exemplo do Sarau Meio-Fio.



         

DSC_4808
DSC_4927
DSC_4704
DSC_4658
DSC_4816
DSC_4718

Fotos: Ana Carolina Haddad

Campinas tem alguns saraus marcados para os próximos dias. No próximo domingo (27) de novembro, acontece a 2° edição do Sarau Arte de Periferia na Praça VPA Crew, na Vila Padre Anchieta, em Campinas.

 

"Mostramos que o todo o sistema não tem o poder do povo unido, sem verbas, sem apoios, fizemos acontecer um dos mais belos eventos culturas dos últimos anos, nós juntos (organização, artistas, moradores da quebrada, e camaradas) fizemos o que sempre nos negaram. Trouxemos arte, cultura, lazer para todas as tribos desde os jovens, crianças, adultos e jovens. Uma aceitação muito grande por parte da quebrada.".
 

Já no dia 10 de dezembro, acontece mais uma edição do Sarau Arte Viva. Esse é um evento que já acontece há alguns anos na cidade, que sempre foi realizado no Centro de Convivência, no Centro, mas que agora pretende alcançar mais espaços de Campinas, e por isso vai acontecer na Praça Arautos da Paz, no Taquaral, desta vez. Quem se interessar, pode se inscrever tanto com antecedência quanto na hora.

 

"Com a intenção de espalhar a arte por Campinas, o Arte Viva surgiu para acolher as pequenas e grandes poesias, para escutar as diversas melodias e ver malabares pelos ares, apreciando toda obra de arte, seja ela visual ou sentimental. Disponibilizaremos um palco com som, espaço para fazer desenhos, varal (para exposição) e muito espaço pra criar, além de materiais para desenho! Contamos com a presença de todos para fazer o movimento se reerguer. Tragam aquilo que os façam felizes".

              Atualmente, os saraus não precisam mais de pianos de cauda ou coisas do tipo. Para participar e fazer acontecer, é preciso de pessoas dispostas a compartilhar a arte, música, literatura, performance e quaisquer que sejam suas expressões artísticas. Elas podem acontecer em frente a um terminal, numa praça, num porão, num bazar ou até mesmo em casa. 

E AÍ, TEM MAIS?

Vídeo: Pedro Massari | Edição: Ana Carolina Haddad

Fonte: Divulgação/ Facebook

Malabares

            Por definição, o malabarismo pode ser considerado a arte de manipular objetos de diferentes formas, seja ocupando o espaço público nos semáforos ou nos espetáculos circenses. Existem diversos artistas que praticam e levam o malabares como estilo de vida, em Campinas, em Barão Geraldo, no Centro de Convivência, ou até mesmo na Unicamp, essas pessoas buscam expressar seus sentimentos, e entreter a sociedade urbana, para que elas saiam da rotina social estressante.

 

            De acordo com o livro de Karl-Heinz "4.000 Anos de Malabarismo" antes de chegar até a atualidade, a prática começou no Egito antigo, nas pinturas dos túmulos egípcios, que mostram pessoas de pé fazendo malabarismos. Na era moderna, se difundiu em grande parte da Europa e Estados Unidos, em meados de 1930, marcado pelo grande malabarista italiano da época Enrico Rastelli. Posteriormente, os artistas se espalharam em países da América do Sul também, até que tornou-se presente na sociedade.

            Gabriel Rossi, de 23 anos, malabarista, estuda Ciências Sociais na Unicamp e ainda é professor de malabarismo para crianças. Aos 17 anos, por influência de um colega da faculdade, começou a praticar. “Estávamos no começo da faculdade, querendo descobrir coisas diferentes. Ele começou com bolinhas que flutuavam na mão dele, achei maior pilha. Comecei a me interessar e ele me emprestou a bolinha por umas duas semanas, depois, comprei a minha própria e comecei a treinar.”, conta. Após seis meses treinando firme, e evoluindo, ele decidiu arriscar os faróis de Barão Geraldo e depois expandir para outros locais.

       

            Segundo Rossi, existem diversos tipos de malabarismo, entre eles o swing poi, que são cabos com fitas na ponta para fazer movimentos espirais e circulares ao redor do corpo, o diabolô, que gira sobre uma corda amarrada em duas varetas. Há também claves, aros, flags, que são semelhantes a bandeiras de tecido, bolas de contato, entre outros. “É muito difícil definir quais são os tipos de malabarismo, porque o bambolê, por exemplo, é malabarismo. Tudo que você puder rolar no corpo, manipular de alguma forma que seja visual para quem esta assistindo, pode ser malabarismo”, explica. 

       

            Ele começou a dar aula de malabares para crianças através de uma bolsa de extensão da Unicamp, Cis-Guanabara, que faz parceria com algumas creches. “Dei sorte de ter um projeto que me ligava ao malabares. Nunca me desligo do malabarismo.”

       

            Ele ressalta que com as aulas, aprendeu a desenvolver outras dinâmicas, que vão além da técnica. “Comecei a atirar para outros lados, não só o farol. Você vai desenvolvendo outras coisas que não apenas a técnica, como ensinar e desenvolver uma dinâmica com criança. Você vai trabalhar altura, improviso, repetição de exercícios. É cultural e também recreativo.”

Gabriel Rossi
Gabriel Rossi
Gabriel Rossi
Gabriel Rossi

        Felipe Espinoza, de 24 anos, começou dois anos atrás, assim como Rossi, por influência de colegas. “Comecei vivendo com a galera mesmo. Como andava de skate, estava sempre na rua. Ia muito à Unicamp e tive influência das pessoas que estudavam por lá e também dos que somente apreciavam os malabares. Eu comecei a desenvolver assim, mas por interesse próprio, por gosto mesmo.”

          Outro fator que o influenciou foi não conseguir se identificar com nenhuma profissão. “Como eu só tinha o ensino médio, fui desenvolvendo porque foi uma opção de vida mesmo.” Ele comenta que um dos meios em que muitos aprendem é através de encontros, que geralmente ocorrem toda terça-feira no Teatro de Arena da Unicamp. Lá acontece ainda o Cabaré, iniciativa do coletivo gestor do Encontro Campineiro de Malabarismo, toda terceira terça de cada mês. “A gente aprende sozinho, observando os amigos. Ficamos praticando e quem quiser aprender, a galera está disposta a ensinar. A galera que gosta da arte de rua, da arte de circo, esta sempre todo mundo lá.”, afirma.

        Segundo ele, é importante treinar todos os dias e necessário inovar. Além disso, ele aponta que as viagens são necessárias para progredir. “Você sai da cidade e continua com a sua rotina, mas desenvolvendo de forma diferente. Viajamos, conhecemos lugares, mostramos nossa arte para todo o canto.”

Felipe Espinoza
Felipe Espinoza
Felipe Espinoza
Felipe Espinoza

        David de Castro Lima, de 22 anos, também não se identificou com nenhuma profissão, apesar de já ter trabalhado como pedreiro com seu pai. Ele conta que o malabares é uma paixão e que começou aos 18 anos. “Sai para viajar, peguei minhas coisas, comprei uma passagem só de ida para Argentina, direto pra Buenos Aires e 200 contos no bolso. Fui curtir, fiquei um mês lá mais ou menos e conheci essa galera. A partir daí comecei a querer aprender. Senti uma sensação boa dentro de mim, um amor mesmo, ai pensei: isso é pra mim de verdade.”

        Para ele, o malabarista é necessário para compor uma sociedade. “Ele tem que ser feito por existência, pra mostrar a arte para as pessoas. Pode ser numa praça, juntando a galera e ocupando os lugares. Tem que ter muito treino. Vou conhecendo gente e as pessoas vão me passando dicas, truques, experiências.” De acordo com ele, “a arte de rua representa o movimento cultura, o movimento livre, de se expressar, fazer o que quer”. Ele pretende praticar malabares o resto de sua vida.  

IMG_1007
IMG_1015
IMG_0989
David de Castro Lima
Felipe Espinoza

Felipe Espinoza

Felipe Espinoza é malabarista há dois anos e acha importante o treinamento diário para inovar e aprender novos truques

Gabriel Rossi

Gabriel Rossi

Gabriel Rossi, malabarista, estudante de Ciências Sociais, professor de malabares, começou a praticar malabarismo aos 17 anos

David de Castro Lima

David de Castro Lima

David de Castro Lima se interessou em malabares aos 18 anos e hoje vê a profissão como uma paixão

Vídeo e edição: Pedro Massari 

Vídeo e edição: Pedro Massari 

Vídeo: Ana Laura No | Edição: Pedro Massari

Fotos: Pedro Massari

Fotos: Ana Laura No

Fotos: Pedro Massari

Fotos: Pedro Massari e Ana Laura No

Grafite

          Donos dos muros, tapumes e viadutos em grandes centros urbanos, uma variedade de desenhos coloridos e expressivos ganha o olhar daqueles que atravessam a cidade. Com caráter artístico elaborado e suportes inusitados, essas criações ganham o nome de grafite, uma das artes de rua mais celebradas nas últimas décadas.

         Apesar da presença de palco diferenciada, é difícil precisar a origem do grafite –  muitas inscrições (e gritos!) já traçavam as paredes do Império Romano. No entanto, a primeira grande expressão dessa arte é atribuída ao movimento contracultural francês, em maio de 1968. Uma greve geral revolucionária tomou as ruas de Paris, enquanto seus muros eram suporte de mensagens com caráter político e ideológico.

          Durante a década de 1980, nos túneis e vagões de Nova Iorque, esta arte também ganhou destaque. Fruto da cultura negra e hip hop, com pitadas de underground, o grafite ganhou movimento nos trens da cidade com a inscrição de diversas tags – nome dado à assinatura característica de cada grafiteiro. Criando um diálogo até então inédito entre centro e periferia, o grafite encontra sua forma em desenhos da cultura pop. Aos poucos, conquista também o mundo com seu caráter contestador  e colore até mesmo os protestos ao lado oeste do Muro de Berlim, na Alemanha.

          Em São Paulo, o grafite chega em meados da mesma década, através das intervenções cartunescas do eritreu Alex Vallauri, e ganha força com o entusiasmo pop e divertido de outros (novos) paulistanos apaixonados pela arte.

          Com sua audácia única, o grafite domina as ruas de Campinas e as coloca como ambiente de interação, diante de um espaço extremamente vasto e criativo. Em seus traços pessoais, os grafiteiros da cidade constroem um escape para o dia-a-dia frenético da cidade – e mostram a Campinas que é de todos nós.

AS MANDALAS DE AUDI

         Com agenda apertada entre uma tatuagem e outra, José Flávio Audi, de 35 anos, nos recebeu no estúdio aonde trabalha, no bairro Cambuí. Nas paredes, tomadas por diferentes quadros e referências, suas cores e traço único chamam a atenção – é impossível não reconhecer nas telas a menção às mais variadas mandalas espalhadas pela cidade de Campinas.

          Audi conta que sua atração pela arte de rua nasceu ainda criança, época na qual desenvolveu o gosto pelo desenho e pela ideia da tinta spray. Cursou psicologia e justifica a escolha explicando que não queria ser apenas artista... gostaria de ser algo além. Mesmo formado, o então psicólogo não perdeu o gosto pela arte e, durante um curso em São Paulo, conheceu o grafite, espaço no qual encontrou a oportunidade de expandir sua visão.

        “Meu trabalho é completamente intuitivo, eu não sigo nenhuma referência. Começo a desenhar  a partir de uma bolinha, de um risco, e a partir daí as coisas vão surgindo”, explica o grafiteiro que conta com suas mandalas espalhadas por avenidas importantes, como a Orozimbo Maia e a Norte-Sul. Através da própria memória, e com a criação de uma linguagem única, Audi conta que a ideia nasce a partir do espaço escolhido, tomando forma sem preocupação com o resultado final – “porque, se eu soubesse o final, perderia a graça”, completa.

         Sem grito político definido, o criador das mandalas mais conhecidas da cidade explica que sua arte não tem caráter agressivo, mas sim o objetivo de valorizar o seu amor por esta forma de expressão.  Foi no espaço público que Audi encontrou a oportunidade de ampliar a visibilidade dos seus desenhos.  “Se eu coloco uma arte na rua, e a rua é de todo mundo, esta arte se torna de todo mundo também – e é isso que eu quero fazer”, explica.

OS CARTOONS DIVERTIDOS DE OTS

         Ao toque da campainha, fomos recepcionados pela pequena buldogue Wandinha, estrela do mural que decora a Avenida Carlos Grimaldi. O desenho é mais uma das obras de Ots Graffiti, dono também do famoso (e recém-destruído) astronauta que estampava a esquina entre as ruas Antônio Lapa e Carlos Sampaio, no bairro Cambuí.     

  

         Ots é o nome artístico do ilustrador Thiago de Almeida Barreto, de 30 anos, artista campineiro que colore os muros da cidade com seus traços cartunescos únicos. Grafiteiro há quase cinco anos, Thiago conheceu esta arte através de uma grande amiga, ainda durante a faculdade. Tão logo se arriscou a grafitar tapumes e a colecionar latinhas de tinta spray, se apaixonou pela ideia de engrandecer (literalmente) os rascunhos que recheavam seus diversos sketchbooks

        Com as redes sociais, Thiago logo encontrou reconhecimento pelo seu trabalho e atualmente se divide entre os jobs profissionais como grafiteiro e ilustrador, além das aventuras com o grafite apenas como um hobby. Quando opta por grafitar os muros públicos da cidade, sempre procura por aqueles com boa visibilidade e lembra de sempre pedir autorização. “Costumo mostrar meu trabalho e explicar que grafite é diferente de pichação, dessa forma,  o sim é muito mais fácil do que o não!”, completa.

          Seja na tela do computador ou em muros da cidade, o artista explica que o grafite influenciou de maneira marcante o seu traço. “O grafite expandiu a minha forma de pensar e a minha ideia de espaço – me fez entender que eu não preciso mais do papel, a cidade pode ser minha tela”, explica. Para Thiago, o grafite é muito mais do que uma arte... é um grande divisor de águas.

Vídeo: Pedro Massari | Edição: Giovanna Rossini

"O papel social do grafite é esse, é um ser humano qualquer que está aparando as arestas da cidade"
- José Flávio Audi

Vídeo: Pedro Massari | Edição: Giovanna Rossini

Fotos: Pedro Massari e Giovanna Rossini

Forró

Forró

Violão

Violão

David de Castro Lima

David de Castro Lima

Gabriel Rossi

Gabriel Rossi

As mandalas de Audi

As mandalas de Audi

Os cartoons divertidos de OTS

Os cartoons divertidos de OTS

A equipe

Ana Carolina Haddad.

20 anos. Paulistana criada em Campinas. Não deixa de lado seu sketchbook recheado de desenhos e sempre tem uma letra de música na ponta da língua.

Ana Laura No.

20 anos. Nascida em Araçatuba, campo-grandense de coração e campineira por adoção. Além de ler e escrever, tem como hobby colecionar roupas pretas. 

Pedro Massari.
22 anos. Campineiro de vivências mineiras. Ponte pretano roxo, anda com o copo de café numa mão enquanto a máquina fotográfica vai na outra. 

Giovanna Rossini.
20 anos. Paulistana, mora em Vinhedo, mas foi adotada por Campinas. Apaixonada por boas histórias, vê o mundo na regra dos terços. 

equipe

Créditos

Textos: Ana Carolina Haddad, Ana Laura No, Giovanna Rossini e Pedro Massari

Imagens: Ana Carolina Haddad, Ana Laura No, Giovanna Rossini e Pedro Massari

Diagramação: Ana Carolina Haddad, Ana Laura No, Giovanna Rossini e Pedro Massari

Site: Giovanna Rossini

Logo: Felipe Carvalho - designer convidado

Trabalho desenvolvido para a disciplina de Jornalismo Online B pelos alunos do terceiro ano da faculdade de Jornalismo da Puc-Campinas. Orientação: Professor Adauto Molck. Novembro/2016.

© 2023 by Urban Artist. Proudly created with Wix.com

bottom of page